Lei que proíbe abertura de grandes supermercados aos domingos vira caso de Justiça em Ubá

Supermercado, foto ilustrativa Fabiane de Paula/SVM Uma lei que proibiu grandes redes de supermercados de funcionar aos domingos em Ubá, na Zona da Mata mineir...

Lei que proíbe abertura de grandes supermercados aos domingos vira caso de Justiça em Ubá
Lei que proíbe abertura de grandes supermercados aos domingos vira caso de Justiça em Ubá (Foto: Reprodução)

Supermercado, foto ilustrativa Fabiane de Paula/SVM Uma lei que proibiu grandes redes de supermercados de funcionar aos domingos em Ubá, na Zona da Mata mineira, tem provocado conflito entre empresários e o poder público. Promulgada pela Câmara Municipal em julho deste ano, a medida levou alguns estabelecimentos a recorrer à Justiça nos últimos meses. Diversas liminares autorizaram a abertura de algumas grandes redes, incluindo decisões recentes em dezembro. Segundo o vereador André Eustáquio Alves (PL), autor do projeto, o objetivo da lei é regular o funcionamento do comércio varejista de grande porte e preservar o descanso semanal dos trabalhadores do setor. Leia mais abaixo sobre. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 Zona da Mata no WhatsApp Órgãos como a Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Ubá (ACIUBÁ) se posicionam contra a nova lei. Liminares autorizam reabertura aos domingos Supermercados como BH, Líder, Vieirão, Master e Bahamas entraram com pedidos na Justiça e receberam liminares que autorizam o funcionamento aos domingos na cidade. As decisões saíram entre novembro e dezembro deste ano. Nos processos ao qual o g1 teve acesso, o juiz Felipe Teixeira Cancela fundamentou a decisão ao afirmar que “a proibição parece exceder os limites da competência municipal e violar os princípios constitucionais da livre iniciativa e da concorrência”. A decisão judicial autorizou que as empresas mantenham as operações aos domingos até o julgamento final dos mandados de segurança, ou seja, até que a Justiça se pronuncie definitivamente sobre a legalidade da lei, para evitar prejuízos econômicos imediatos e irreversíveis. O que dizem os supermercados Em nota, o supermercado Vieirão afirmou ser contra o fechamento aos domingos, e ressaltou que a Lei Federal n.º 10.101/2000 autoriza o funcionamento e que o município não tem competência para impor o fechamento. Diante disso, a empresa recorreu à Justiça. O Bahamas e o Master informaram à reportagem que não vão se pronunciar. Já o Líder e o BH não haviam respondido até a última atualização desta matéria. Lei atende a pedido de empresários, diz vereador O g1 conversou com o autor do projeto, vereador André Eustáquio Alves. Segundo ele, a proposta atende a um pedido antigo dos proprietários do setor, feito para ele ainda na campanha eleitoral, para definir regras sobre a abertura das lojas. “A lei foi construída por várias mãos, inclusive pelos mercadistas. Eles colaboraram na elaboração da proposta conosco. Todos tiveram a oportunidade de se manifestar: funcionários do setor de RH e proprietários relataram suas dificuldades”, disse ele. O vereador informou que, na última segunda-feira (8), participou de uma reunião com representantes de todos os mercados, exceto o Vieirão, e que os demais decidiram não abrir aos domingos e cumprir a lei. “Temos vários relatos de mercados de bairro que dobraram o lucro com o fechamento dos maiores aos domingos. A feira livre e a agricultura familiar também ganharam força. Foi uma decisão planejada, não uma consequência”, explicou. O político ainda ressaltou que o gabinete consultou diferentes decisões judiciais, tanto favoráveis quanto contrárias ao tema. Associação Comercial se pronuncia contra lei Em um pronunciamento público, a Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Ubá (ACIUBÁ) disse que o órgão defende o direito ao livre exercício da atividade econômica, assegurado pela legislação federal. "A recente concessão de liminares pela Justiça a favor de supermercados da cidade confirma a jurisprudência existente e reforça que nenhuma lei municipal pode se sobrepor às normas federais", disse. A Associação ainda ressalta que apoia empresários, trabalhadores e consumidores, e que o comércio deve ter liberdade para definir os horários de funcionamento. Já a Prefeitura de Ubá informou que não vai se manifestar sobre as decisões judiciais. Segundo o município, "é um direito de cada lojista" recorrer, e o governo local "está acompanhando o caso". O que diz a lei? Promulgada pela Câmara Municipal após o fim do prazo de sanção do Executivo, segundo o vereador André Eustáquio Alves (PL), autor do projeto, objetivo é regular o funcionamento do comércio varejista de grande porte e preservar o descanso semanal dos trabalhadores do setor. A proibição se aplica a locais que operam no modelo de autosserviço e comercializam predominantemente gêneros alimentícios, produtos de higiene e limpeza. A lei, no entanto, prevê exceções para pequenas unidades, como: Área de vendas de até 200 m²; No máximo um caixa em operação aos domingos; Configuração jurídica como microempresa ou empresa de pequeno porte; Capital social exclusivo de pessoas físicas; No máximo dois estabelecimentos sob o mesmo CNPJ ou grupo econômico no município; Ausência de vínculo com redes regionais ou nacionais, franquias ou sistemas de associativismo varejista; Até três pessoas trabalhando no local aos domingos. A norma permite funcionamento excepcional de todos os supermercados em situações de emergência ou calamidade pública aos domingos. Em caso de descumprimento da lei, pode ser aplicada uma multa de R$ 5 mil, e o alvará do estabelecimento pode ser cassado após a quarta reincidência. Os valores arrecadados serão destinados ao Fundo Municipal de Assistência Social. VÍDEOS: veja tudo sobre a Zona da Mata e Campos das Vertentes